Depressão: Abordagem Terapêutica e Encaminhamento Integrado como Estratégia de Cuidado Integral


Introdução

A depressão é considerada uma das doenças mais prevalentes e incapacitantes do mundo. Caracteriza-se por alterações persistentes no humor, perda de interesse ou prazer em atividades, baixa autoestima, distúrbios do sono e pensamentos negativos recorrentes. Essas questões emocionais exigem atenção cuidadosa e abordagem multidisciplinar, sobretudo em casos de maior gravidade. O acompanhamento psicoterapêutico desempenha papel essencial tanto na escuta clínica quanto no direcionamento ao suporte psiquiátrico, quando necessário.


1. Compreendendo a Depressão

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2022), mais de 280 milhões de pessoas sofrem com depressão em todo o mundo. Trata-se de um transtorno que afeta não apenas o funcionamento emocional, mas também a cognição, o comportamento e as relações sociais do indivíduo.

O DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, APA, 2014) classifica a depressão como “Transtorno Depressivo Maior”, quando há presença de ao menos cinco sintomas em um período de duas semanas, incluindo humor deprimido e perda de interesse, com prejuízo significativo no funcionamento diário.


2. A Psicoterapia como Espaço de Escuta e Transformação

O tratamento psicológico da depressão tem como foco a compreensão das origens emocionais do sofrimento, a reestruturação cognitiva e a mobilização de recursos internos para enfrentamento. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens com maior respaldo científico, promovendo mudanças nos pensamentos disfuncionais e nos padrões comportamentais associados à depressão.

Segundo Beck (2013), “a depressão é sustentada por crenças negativas sobre si mesmo, o mundo e o futuro, que precisam ser trabalhadas para promover alívio dos sintomas e recuperação emocional”.

Além da TCC, outras abordagens como a Psicodinâmica, a Terapia Centrada na Pessoa e as práticas de Mindfulness têm se mostrado eficazes, dependendo do perfil e das necessidades do paciente.


3. Quando Encaminhar para Avaliação Psiquiátrica

Embora a psicoterapia seja eficaz para quadros leves e moderados, em casos graves é fundamental o encaminhamento para avaliação psiquiátrica, com possibilidade de introdução de medicação complementar. O uso de antidepressivos pode ser necessário para estabilização do quadro, especialmente quando há risco de suicídio, episódios recorrentes ou incapacitação funcional importante.

O National Institute for Health and Care Excellence (NICE, 2018) recomenda que o tratamento de depressão grave seja conduzido de forma integrada, envolvendo terapia psicológica e farmacológica. A colaboração entre psicólogo e psiquiatra visa garantir o cuidado integral e seguro ao paciente.


4. O Papel do Psicólogo no Processo Integrado

O psicólogo tem papel estratégico tanto na identificação precoce dos sintomas depressivos quanto na educação emocional e orientação do paciente. Cabe ao terapeuta avaliar continuamente a gravidade do quadro, o progresso na psicoterapia e o nível de risco psíquico, sempre priorizando o bem-estar do paciente.

Além disso, o suporte contínuo oferecido pela psicoterapia proporciona um espaço protegido onde o indivíduo pode explorar suas dores, resignificar experiências e desenvolver resiliência emocional.


Conclusão

A depressão é uma condição complexa e multifacetada que exige uma abordagem terapêutica sensível, ética e científica. A psicoterapia oferece um espaço essencial de acolhimento, escuta qualificada e transformação. Quando necessário, o encaminhamento para avaliação psiquiátrica amplia as possibilidades de tratamento e fortalece o processo de recuperação. O cuidado integral à saúde mental passa, portanto, pelo trabalho conjunto entre profissionais e pela valorização do sofrimento psíquico com empatia e competência.


Referências

  • American Psychiatric Association. (2014). DSM-5: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Artmed.

  • Beck, A. T., Rush, A. J., Shaw, B. F., & Emery, G. (2013). Terapia Cognitivo-Comportamental da Depressão. Artmed.

  • Organização Mundial da Saúde. (2022). Depression: Fact Sheet. WHO.

  • NICE. (2018). Depression in adults: recognition and management. National Institute for Health and Care Excellence.